Dividido entre visitas periódicas de sua mãe, a qual o levava aos finais de semana para ficar em sua casa, JP viveu episódios em sua infancia que ficaram registrados em sua mente. Desagradáveis e inadequados para uma criança de sua idade. JP contava cinco primaveras, deveria ser essa a idade, pois o fato ocorreu na época da repressão. JP dormia em casa de sua mãe, e pela madrugada foi acordado com gritos horripilantes de um homem sendo espancado pela policia na calçada bem debaixo da janela de sua casa. Não bastassem os gritos que amedrontaram a criança de cinco anos de idade,JP encolhido na cama, quietinho , foi surpreendido por uma cena que não mais saiu de sua cabeça. Sua mãe, no momento extato que começou a gritaria, saiu correndo , nua, do banheiro, acompanhada de um homem, também nú e foram para a janela olhar o que acontecia. As genitálias a mostra, passaram rente aos seus olhos que se esforçavam em manterem-se fechados para que os adultos não percebessem que ele havia acordado. Fingir que estava dormindo, alias, era uma constante sempre que estava na casa de sua mãe, pois ele sempre acordava no meio da madrugada com barulhos, gemidos, ou discussões de sua mãe com "alguém". As vezes que JP não se conteve e mostrou estar acordado, levava uma bronca de sua mãe que o fazia entender que acordar na madrugada era proibido. Adultos, sabemos bem o que ocorria e o que o jovenzinho estava atrapalhando ao acordar no meio da madrugada. Obvio que na mente de JP ficava apenas a ideia que era proibido acordar e que se daria muito mal se sua mãe percebesse que ele havia acordado. JP porém acordava todas as noites e assistia a tudo caladinho, sem entender o porque de sua mãezinha querida estar gemendo de dor debaixo de um homem desconhecido para ele. Alguns desses homens alias ele tinha que chamar pai. Pai fulano, pai cicrano...
Enfim, episódios como esses eram constantes e não vale a pena aqui me alongar em detalhar-los, foram muitos. O local onde sua mãe morava tinha um cheiro ruim, o bairro , até hoje, já adulto quando tem que passar por lá, lhe causa um medo inconciente o qual lhe traz uma desagradável sensação. No íntimo JP sabe o motivo de tal desconforto, mas racionaliza e deixa passar. Isso tudo era combinado com outra questão que vale a pena aqui comentar. JP não podia em hipótese alguma comentar isso quando em casa de seus avós, pois os mesmos certamente iriam interpelar sua mãe, a qual no final de semana seguinte estaria lá para leva-lo de volta. Ele temia ser agredido pela mãe e ficava calado. As surras eram também traumatizantes , a fisionomia de sua mãe era algo de assustador quando o espancava por faltas comuns de uma criança de quatro ou cinco anos de idade. Ignorando o mal que fazia ao menino, ela também não se conformava quando JP não queria ver os filmes de terror que ela adorava assistir na televisão. Uma noite dessas, JP cobria a cabeça com um lençol para não ver as cenas amedrontadoras e ela retirava o lençol do menino a força e zombando dele dizia que seus avós o estavam transformando em um maricas. Pela manhâ, talvez devido a noite terrivel, JP defecou no short e sujou o chão do apartamento. Levou uma surra por isso. Bastante significativo o fato de JP estar sempre as voltas com o "defecar nas calças". Isso sempre lhe causava grandes transtornos e constrangimentos durante toda sua infancia. Nada nem ninguém poderia socorrer nosso jovem amiguinho, pois ninguém tinha essa vizão da vida que o menino levava, ao contrário, todos achavam JP um aventurado por ter de tudo na casa de seus avós. Ninguém sabia a verdade do que se passava na mente daquela criança atormentada pelo terror. Penso que seus pesadelos nada mais eram que o reflexo daquilo que ele sentia todo o tempo quando acordado em compania dos adultos que o rodeavam.
Na casa de seus avós ,apesar do conforto, JP não podia desobedecer ou fazer qualquer bagunça típica de uma criança de 4 aninhos, pois era imediatamente ameaçado com a fala:_ Se voce continuar vou te mandar pra casa de sua mãe....." Dessa forma então parece que eles sabiam que ir pra casa da mãe era um castigo, mas nunca fizeram nada para impedir ou amenizar a dor do menino.
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